A NBA era praticamente outra na temporada 2015/16, quando LaMarcus Aldridge foi contratado pelo San Antonio Spurs. A temporada anterior, de 2014/15, havia sido apenas a primeira da história da NBA em que as equipes tinham, em média, arremessado mais bolas de 3 do que de meia distância. Quando Aldridge chegou, seu estilo de jogo de arremessos de média distância fez dele o encaixe perfeito para a franquia e o time de Popovich.

Aldridge anunciado em 2015

Já hoje, as características da liga vão de encontro ao jogo do nosso Ala/Central. Sua mobilidade, que nunca foi excepcional, vem sendo afetada pela idade, e acaba transformando ele em um problema dentro de quadra. Aldridge ainda ataca bem, tanto é que sua pontuação média por 36 minutos está dentro dos números da sua carreira, assim como o aproveitamento, mas a defesa vem caindo muito, negativando seus números em quadra. 

O jogo de LaMarcus Aldridge

Aos 30 anos de idade, Aldridge chegava ao Spurs sendo visto como a maior e melhor contratação da temporada, com a perspectiva de melhorar uma equipe já diretamente concorrente ao título. Seu estilo de jogo casava com San Antonio e fez a contratação ser muito bem vista pela mídia esportiva e pelos torcedores. Além disso, ele teria alguns anos de parceria com Duncan que poderiam moldar ainda mais o basquete do texano. 

Na temporada de 2014/15, em Portland, o jogo de Aldridge era focado no lado esquerdo da quadra e no garrafão, mais precisamente abaixo da cesta. O mapa de calor mostra onde o jogador atuava mais e seus melhores resultados. Isso também espelhava a NBA da época, mais aberta aos arremessos de média distância.

Áreas de arremesso – L. Aldridge 2014/15

Ao chegar em San Antonio, Aldridge substituiu Tiago Splitter e a comissão técnica expandiu o estilo de jogo do Ala/Cetral para toda a área interna do perímetro. Assim, Duncan atuava preferencialmente de costas e sob a cesta, enquanto LaMarcus ocupava o restante do espaço, o que trouxe resultados positivos para um Spurs já muito bem formado à época, que, inclusive, fez a melhor temporada regular de sua história em 2015/16, com 67 vitórias.

Áreas de arremesso – L. Aldridge 2015/16

Essa realidade da liga ajudava Aldridge tanto no ataque, quanto na defesa. Nunca tendo sido um jogador de grande mobilidade ou habilidade atlética sobre os seus 2,11 metros de altura, LaMarcus não precisava defender com frequência jogadores mais baixos e ágeis, assim como não precisava contestar tantos arremessos de 3 pontos. 

Defesa de LaMarcus Aldridge na temporada 2020/21 

As preocupações em relação à defesa do nosso Ala/Central não são de hoje. Defensivamente suas falhas sempre foram compensadas pelo trabalho em equipe, tanto que já em 2018 San Antonio teve um resultado defensivo um pouco melhor com LA no banco.

Porém, as evidências começaram a ficar mais fortes a partir da temporada de 2019/20. Sua mobilidade cada vez mais reduzida, passou a afetar muito a defesa, fazendo com que não conseguisse cobrir seus companheiros e nem oferecer boa proteção ao aro. A equipe tinha resultado negativo com o jogador em quadra, o que mostrava que seu ataque já não estava compensando as deficiências defensivas.

Isso foi intensificado durante a bolha da NBA em Orlando. Sem Aldridge, a equipe apresentou o melhor basquete do ano, um basquete rápido, ágil, envolvente e, principalmente, móvel e mais focado nos arremessos de perímetro. Até mesmo Demar DeRozan melhorou seu jogo, sem falar na explosão de qualidade dos jovens.

Para se enquadrar na NBA de hoje e compensar sua defesa, LaMarcus já vinha buscando expandir o seu jogo para além da linha de 3 pontos. O jogador passou de uma média de menos de 1 desses arremessos por jogo em 2018/19, para quase 4 na temporada atual, também apresentando melhora no aproveitamento, passando de 24% para 36%. 

No entanto, as vantagens ofensivas seguem sem compensar o grande problema na defesa de LaMarcus. Com 18 partidas jogadas na temporada atual, o Spurs permite 112 pontos por partida com LA em quadra, produzindo somente 107. Para comparação, com Poeltl em quadra na mesma posição, são permitidos 107 pontos e produzidos 118. 

A defesa durante as partidas 

As deficiências de Aldridge são bem fáceis de observar. Na defesa do aro ele não consegue acompanhar jogadores mais ágeis, ficando para trás ao proteger infiltrações até a cesta, ou se posicionando muito distante de maneira que não consegue contestar arremessos. Atualmente, os oponentes convertem 65% das vezes quando ele é o defensor, somente contra jogadores de garrafão que consegue usar sua altura e peso para contestar.

A falta de mobilidade afeta também na defesa de arremessos de média e longa distância. LaMarcus nunca teve mobilidade para defender armadores e, na NBA de hoje, em que o ataque vai desde a linha de 3 pontos até a cesta, o pivô texano fica completamente vendido ao marcar o arremesso. Ambas situações afetam toda a equipe, pois com frequência outros jogadores precisam fazer cobertura, deixando homens livres.

Outro ponto que vem afetando muito a equipe está diretamente relacionado com a mobilidade atlética. Sem agilidade para se equilibrar após contestar arremessos e buscar rebotes, Aldridge hoje é o sexto na equipe em rebotes por partida. A média por partida é a pior da carreira, até mesmo do que como calouro. São 4.3 rebotes por jogo para ele.

As possíveis soluções para o “efeito Aldridge”

Antes de crucificar Aldridge como o “problema” da equipe, é importante frisar que a defesa de San Antonio como equipe não é tão boa. Os novatos e armadores não conseguem parar infiltrações ou contestar bem arremessos de 3 pontos. Além disso, dentre os que tem sido titulares, DeMar e Lonnie Walker apresentam alguns dos piores números defensivos.

Dito isso, talvez a solução esteja dentro do próprio Spurs.

Aldridge 20/21 (por Reginald Thomas)

A opção menos provável de ser colocada em prática: uma possível troca. Não é cultura de San Antonio trocas para “tirar da equipe jogadores que não estão bem”, uma das qualidades da franquia. Além disso, é difícil imaginar boas trocas por Aldridge no momento. Além de ele vir de cirurgia e algumas contusões na temporada, seus números e resultados não são os melhores.

Também não é provável que, aos 35 anos, LaMarcus vá conseguir melhorar muito a sua defesa. Em relação a isso, podemos ter alguns pontos com o crescimento do decorrer da temporada, muito associados a um bom trabalho em equipe, afinal, se o perímetro funcionar melhor teremos menos trocas, portanto, menos situações em que ele defende jogadores mais ágeis. 

Sendo assim, a melhor solução seria Aldridge aceitar vir do banco. As vantagens nesse caso vão além da defesa do jogador. Aos 35 anos, o ritmo de Aldridge é menor e poupar seu fôlego vai ajudar tanto na defesa, quanto no ataque. Além disso, com menos minutos e atuando contra a segunda unidade dos adversários, LaMarcus pode usar suas qualidades no ataque e ser menos afetado na defesa. Por fim, a combinação de Vassell, nosso melhor defensor pelos números, Mills, Murray ou Derrick, Gay e Aldridge, pode esconder as falhas na defesa do camisa 12.

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