A bolha da NBA em 2020 trouxe um San Antonio focado em seus jogadores jovens, na agilidade, ritmo de jogo intenso e propenso ao jogo de perímetro. Nesse cenário, Dejounte Murray foi um dos atletas que começou a mostrar melhor seu trabalho em quadra. Agora em 2021, o que vemos é a melhor temporada do nosso armador e isso não é uma surpresa.
Em 2019, a renovação do contrato de DJ obteve uma reação não muito positiva. Afinal, 64 milhões de dólares por 4 anos poderia ser demais para um jogador voltando de cirurgia e que ainda não tinha se provado ofensivamente. Vemos que a aposta do Spurs valeu a pena. O armador titular vem em um ano com partidas muito positivas, evoluindo em vários aspectos, o que visto como sua temporada de explosão na liga.
- Minutos 30.9 – mais alto da carreira
- Pontos 15.8 – mais alto na carreira e segundo na equipe
- Rebotes 7.1 – mais alto na carreira e líder da equipe
- Assistências 5.3 – mais alto da carreira e segundo na equipe
- Roubo de bola 1.6 – acima da média da carreira e líder da equipe
- Perdas de bola 1.5 – só não menor do que quando calouro (8.5 min em quadra)
Mais importante do que os números, todavia, tem sido sua forma de jogo. A melhor leitura de quadra de Murray, junto as reações aprimoradas à defesa, permitem passes diretos ou indiretos para assistências. Outro ponto é que, mesmo com mais tempo em quadra e de posse, os erros e desperdícios de bola diminuíram significativamente.
Na temporada, para cada perda de bola, DJ dá 3 assistências. Para entender melhor essa melhora, ano passado Murray tinha a tendência de perder a bola em mais de 15% das vezes que tinha a posse, em 2021 esse número caiu para 10%. O maior controle, associado a boa defesa de perímetro e roubos de bola, traz uma situação sólida para o Spurs.
DJ é o primeiro jogador do Spurs a ter mais de um triplo-duplo na mesma temporada desde David Robinson, em 1993/94. É um de 10 jogadores na liga com média de 15 pontos, 7 rebotes e 5 assistências, lista em que temos apenas LeBron James, Giannis Antetokounmpo e Kevin Durant. Além disso, ele é o primeiro a ter uma noite de 20 pontos, 10 rebotes e 8 roubos de bola desde Tim Duncan, em 2000. O retrospecto é positivo e o futuro, promissor.
ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE
O melhor exemplo na temporada da postura de Murray e dos benefícios para o Spurs serão as partidas após o surto de COVID na equipe. Em sua primeira real partida como líder em quadra e sem DeRozan, White, Keldon, Gay e Vassel o armador não vacilou e tomou para si a responsabilidade.
Jogador | Min | Pontos | FG | FG% | Ast | Reb | Roubos | Perdas | +/- |
Murray | 32 | 27 | 12-20 | 60 | 6 | 9 | 2 | 0 | 8 |
Seu principal erro foi uma falta desnecessária nos minutos iniciais, somada a outra, o que fez DJ ir para o banco com 5 minutos jogados e voltar no segundo quarto. Fora isso, atacou quando necessário, distribuiu e orientou bem, além de forte presença na defesa e nos rebotes. Fechou o jogo líder em: pontos, conversão (Samanic teve melhor porcentagem, mas só arremessou 3 vezes), assistências, rebotes e perdas. Ponto negativo foi a falta de arremessos da linha de 3, tentou e errou uma vez.

COMPARANDO COM UMA LENDA
Para muita gente que acompanha o Spurs a temporada de 2001/02, quando Tony Parker chegou a San Antonio, está muito distante. Mas hoje, sabendo dos resultados do francês, comparar sua quarta temporada em 2004/05 e a de Murray pode trazer boas percepções.
Jogador | Temp | Min | Pts | Ast | Reb | Stl | Turn | Faltas |
Parker | 04/05 | 34.2 | 16.6 | 6.1 | 3.7 | 1,2 | 2.7 | 2.1 |
Murray | 20/21 | 30.9 | 15.8 | 5.4 | 7.1 | 1.6 | 1.5 | 2.1 |
Vale destacar a diferença da NBA em cada uma dessas épocas, enquanto em 2004/05 o jogo dentro do perímetro era mais forte e no geral com um ritmo menor, hoje temos a liga propensa às bolas de 3 e muito mais ágil.
Jogador | Min | Pts | Ast | Reb | Stl | Turn | Faltas |
Parker | 36 | 17.5 | 6.5 | 3.9 | 1.3 | 2.8 | 2.2 |
Murray | 36 | 18.4 | 6.1 | 8.3 | 1.9 | 2.8 | 2.5 |
Desde o início da carreira, Parker foi visto como um armador pontuador e já chegou na liga mais “pronto” nesse aspecto, os números de ataque mostram isso. Ao mesmo tempo, Murray é um atleta muito melhor na defesa e seus números expressam essa superioridade. Porém, quando comparamos os números por 36 minutos, DJ apresenta um cenário mais positivo do que o de Parker, inclusive com menos perdas de bola, algo tão ressaltado como um dos seus principais aspectos negativos.
“Ele quer ser pressionado e nós estamos pressionando.” – Greg Popovich
Tudo isso prova que a aposta da equipe técnica, o trabalho de Murray para melhorar o arremesso e a finalização ao redor da cesta, juntos ao seu empenho na defesa valeram a pena para a franquia texana. Vale a pena apostar em San Antonio para o futuro.