É inegável que Tim Duncan é um dos maiores nomes da história do basquete. Sua carreira deixa um legado muito grande não só para a NBA, como também para todo o basquete mundial. Só que, para além do nosso esporte, Duncan também é um personagem muito interessante fora das quadras. Por isso, esta publicação vem para, na Semana Tim Duncan do Portal, contar a história de Timmy anterior à sua chegada no San Antonio Spurs. Certamente, o amigo leitor irá encontrar elementos que ajudam a entender a formação da identidade de um verdadeiro ídolo.

Jovem Tim e o sonho de ser nadador olímpico

Timothy Theodore Duncan nasceu em Saint Croix, a maior das ilhas que compõe o arquipélago das Ilhas Virgens Americanas, em 25 de abril de 1976. Seu pai, Willian, era pedreiro. Já sua mãe, Ione, era parteira. Desde os primeiros anos, via-se que Tim era um garoto diferente dos seus colegas, tanto que aos 8 anos ele subiu uma série no seu ensino, de modo que foi sempre um garoto um ano mais novo que sua classe até chegar à faculdade.

Tim, assim como suas duas irmãs mais velhas, Cheryl e Tricia, sempre teve um porte físico vantajoso em relação aos demais garotos de sua idade. Entretanto, nas Ilhas Virgens, isso não faz de você um jogador de basquete, mas sim um nadador. Por sinal, sua irmã Tricia era uma ótima nadadora, tendo representado as Ilhas Virgens (apesar de ser um território americano, o Comitê Olímpico Internacional considerada como um Comitê Olímpico Independente, assim como Porto Rico, por exemplo) nas provas de 100 e 200 metros rasos nas Olimpíadas de Seul, em 1988. Influenciado pela irmã, Timmy já sonhava em ser um campeão olímpico, e seus pais o apoiavam.

Jovem Tim Duncan com sua medalhas conquistadas na natação. Consegue imaginá-lo como campeão olímpico na modalidade?

No início da sua adolescência, Tim já era conhecido internacionalmente como um potencial grande nadador, especialmente na prova de 400 metros livres. Aos 12 e 13 anos, seus tempos eram equiparados aos atletas americanos de sua idade, só que ele crescia, tinha as pernas cada vez mais longas e os braços maiores, o que lhe dava grande vantagem. Seus dons físicos eram evidentes e, além disso, ele já era reconhecido por seu foco e sua concentração. Seu plano de vida naquele momento era disputar, aos 16 anos, as Olimpíadas de Barcelona, em 1992.

Furacão e tubarões levam Timmy ao basquete

Acontece que, em setembro de 1989, um furacão atingiu a ilha onde Tim e sua família moravam e a deixou em ruínas. Entre os destroços, estava a piscina olímpica de natação em que ele treinava. O treinador, vendo que os reparos poderiam demorar muito tempo, optou por levar os treinamentos para o mar. Entretanto, o medo que tem de tubarões fez o jovem Timmy se afastar da equipe. Alguns meses após a tragédia, sua mãe foi diagnosticada com câncer e pediu ao filho que continuasse competindo e corresse atrás do sonho de ser campeão olímpico. Ela faleceu em 1990 e desde então Tim nunca mais nadou em competições.

Felizmente, outro esporte chamou sua atenção. Cheryl, sua irmã, residia em Columbus, no estado de Ohio. Casada com Rick Lowery, que tinha jogado como armador no basquete universitário, eles tinham em casa uma cesta de basquete posicionada a 3 metros do solo que servia para Rick brincar. Após a morte da mãe, influenciado pelo cunhado, o basquete tornou-se a nova paixão de Tim. Rick começou a ensinar o jovem os atalhos do jogo de perímetro. Assim, Tim ganhou familiaridade com a bola, aprendeu a manuseá-la, a penetrar, a reconhecer oportunidades de passes e a sair das marcações.

Ele então ingressou na Escola Secundária Episcopal Saint Dustan, aos 14 anos, passando a jogar basquete pelo time da escola. Até os 16 anos ele cresceu mais 23 centímetros e se tornou o maior e melhor jogador da ilha. E as histórias de um garoto gigante que havia abandonado a natação para jogar basquete numa ilha do Caribe começaram a rodar entre os olheiros das faculdades norte-americanas. Chegou ao ponto de 4 universidades mandarem seus olheiros profissionais até a ilha para avaliar o jogo de Timmy, com todas elas oferecendo depois uma bolsa de estudos. No último ano de colégio, Tim teve uma média de 25 pontos, 12 rebotes e 5 bloqueios por jogos.

Dominante na Universidade e 1ª escolha na NBA

Em 1993, Tim Duncan ingressou na Wake Forest University, se matriculando no curso de Psicologia. Seu primeiro jogo foi contra a Universidade do Alaska, sendo essa a primeira vez que ele viu a neve e a primeira vez que ele saiu de quadra zerado em pontos. O jogo universitário era muito mais rápido e complexo do que ele jogava no colégio. Por isso, ele demorou meia temporada para encontrar seu nível de jogo.

Quando engrenou, o resto do ano foi de dificuldades para os oponentes de sua faculdade. Ele levou o seu time a vitórias contra as tradicionais universidades de Duke e da Carolina do Norte, sendo eliminado pela universidade do Kansas. Entretanto, por seu início lento, terminou a primeira temporada com média de 10 pontos e 10 rebotes por jogo. Naquele ano, ele foi convidado a jogar pela equipe dos Estados Unidos nos Jogos da Amizade (por ser território americano, os naturais das Ilhas Virgens são elegíveis para jogarem por equipes do país).

Duncan em quadra pela Wake Forest University

Na temporada seguinte, Tim continuou a melhorar seu nível e, à medida que sua equipe crescia na tabela de classificação, ele era colocado no mesmo patamar de outras três estrelas universitárias de sua época: Joe Smith, Jerry Stackhouse e Rasheed Wallace. Sua segunda temporada foi marcada por uma média de 16,8 pontos, 12,5 rebotes e a eleição de Melhor Defensor pela NABC.

Ao final, chegou a ser descrito pela imprensa especializada como o melhor jogador do draft de 1995. Entretanto, ele garantiu a todos da Universidade que não iria se profissionalizar no basquete enquanto não terminasse sua formação acadêmica, mesmo que ele perdesse milhões por isso, afinal, esse teria sido um pedido de sua mãe. Em sua terceira temporada, Duncan conseguiu levar a sua Universidade ao vice-campeonato, melhor posto da história, e ganhou novamente o prêmio de Melhor Defensor do basquete universitário e, pela primeira vez, foi selecionado o Melhor Jogador de sua conferência (ACC).

A temporada seguinte, em 1996-97 – sua última universitária -, foi espetacular. Tim teve uma média de 20,8 pontos, 14,7 rebotes e 3,2 assistências por jogo, com aproveitamento de 60,6% nos chutes de quadra. Como se não bastasse, ele ainda ganhou pela terceira vez seguida o prêmio de Jogador Defensivo do Ano pela NABC, outra vez Melhor  Jogador da ACC e, por fim, ainda foi escolhido de forma unânime como o melhor jogador universitário do ano, o Naismith College Player of the Year.

A partir de então, era uma questão de tempo ver quem escolheria primeiro no draft da NBA, porque certamente Duncan seria a 1st pick. O Boston Celtics e o Vancouver Grizzlies – duas equipes em reconstrução – eram favoritos na loteria, seguido pelo Spurs, que teve uma campanha de 20-62 na temporada anterior depois de perder David Robinson por uma lesão com apenas 6 jogos disputados.

Tim Duncan e David Stern: 1st pick em 1997

Quando a franquia de San Antonio venceu as adversidades e ficou com a melhor seleção, Tim ficou em êxtase. Ele sabia que jogaria ao lado do Almirante Robinson, Avery Johnson, Vinny del Negro e Sean Elliott. Era a chance de ingressar em um time competitivo e fazer história numa franquia que ainda não era campeã da liga.


A história de Tim Duncan não é fantástica apenas pela sua incrível carreira, mas também por como seu sonho de ser atleta sempre foi incentivado por seus pais, como seu caráter foi moldado e por como ele não se preocupou em sair da universidade mais cedo e correr atrás de muito dinheiro.

Essa é a sua história antes de entrar na NBA. Depois do draft, o fã do San Antonio Spurs sabe muito bem o tamanho desse gigante para a história da franquia!

Um comentário em “A história de Tim Duncan: De futuro campeão olímpico da natação à 1ª escolha do Draft da NBA

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