Se você acompanha minimamente o San Antonio Spurs, sabe que Jeremy Sochan foi o armador da equipe no começo da temporada, e sabe, também, que essa não é a sua posição de origem. Esse texto objetiva, então, analisar o perfil do jogador, suas características, forças e fraquezas, e realizar um balanço da sua carreira na NBA como ala-pivô e como armador.
Sochan foi selecionado na 9ª escolha de Draft pelo Spurs por sua defesa, e todos os relatórios de análise de prospectos o tratavam como um jogador versátil de excelente tamanho, envergadura e velocidade, que geram um bom talento defensivo. No lado ofensivo da quadra estavam as preocupações, já que se destacava nos cortes e transições em Baylor (sua universidade), mas precisava consertar a mecânica de arremesso e melhorar a eficiência. De qualquer forma, os analistas esperavam uma escolha top 10, por ser um jogador de teto alto.
Na primeira temporada em San Antonio, Sochan mostrou muito talento e por isso esteve no segundo time de calouros da NBA. Teve médias de 11 PTS, 5.3 REB, 2.5 AST, 0.8 STL, 0.4 BLK, arremessando aproximadamente 45% de quadra e baixíssimos 24.6% para 3 pontos. Ainda assim, mostrou muito talento tendo 6 jogos de 20 ou mais pontos, jogos com até 13 rebotes, 6 assistências e até 4 roubos (em diferentes jogos). O que trouxe para si, uma expectativa de que seu teto era realmente tão alto quanto se esperava. Sochan disputou 56 partidas, e nas últimas 20 mostrou desenvolvimento tendo quase 15 pontos de média nesses jogos.
Em muitos desses jogos, Pop já o deixava com a bola nas mãos para armar a jogada, não de forma oficial, mas em muitos momentos, ele atuava como o armador. A mudança oficial veio na atual temporada, em que Pop oficialmente listou Sochan como o armador titular e Tre Jones perdeu o lugar para a entrada de Victor. Até o jogo contra o Bulls, Sochan foi listado como armador, nesse jogo, Pop informou que o time não teria um armador principal, mas que via o time com 1 big (wemby) e 4 jogadores de perímetro. Nesse sentido, Sochan se aproximaria da forma como terminou a temporada passada, jogando como ala, mas muitas vezes tendo a bola na mão para iniciar jogadas.
As médias de Sochan, até o jogo contra o Bulls, são parecidas com as da temporada passada: 11 PTS, 4.2 AST, 5.1 REB, 0.7 STL, 0.3 BLK, arremessando aproximadamente 44% de quadra e 39.1% para 3 pontos – até então seu maior desenvolvimento. Uma das razões para a eficiência de três pontos ter melhorado mas a eficiência geral não ter subido, é o fato de que Sochan tem tentado aproveitar do seu tamanho no poste (baixo ou alto) ou arremessar saindo do pick’n’roll e sua eficiência nas bolas de meia distância (majoritariamente nessas situações) é muito baixa, pouco acima de 30% em um tipo de arremesso que deve ser de eficiência alta.
Sochan foi resiliente e tentou fazer o seu melhor como armador, mas não tem as habilidades de drible e a precisão no passe que um armador precisa, o que faz com que ele não veja companheiros abertos por estar preocupado com a possibilidade de um armador mais ágil roubar a bola ou atrapalhar seu drible. Soma-se a isso o fato de que ele não tem experiência sendo o homem com a bola do pick’n’roll e acaba engessando o funcionamento do ataque. A sua melhor versão segue aparecendo quando não é o homem com a bola e fica livre para receber e arremessar ou fazer os cortes para a cesta, como nos seus melhores momentos da atuação de 33 pontos contra Atlanta.
Por que, então, ficar tanto tempo com ele de armador? Há uma vertente que trata a situação como evolução do Sochan para ser um jogador completo agora que deve voltar a sua posição (como o Timberwolves fez com o Lavine), mas de qualquer forma, a experiência – que parece ter chegado ao fim – expôs que o jogador não é um armador. É muito cedo para chamar a experiência de fracasso, mas mesmo após a mudança de Pop a partir do jogo contra o Bulls, o Spurs deve buscar um armador com características de armador até a data limite de trocas (trade deadline) dessa temporada ou, no mais tardar para a próxima, para a evolução do time e dos jovens prospectos como Wembanyama e Sochan, parte da estrutura de base do futuro da franquia.
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